Às vésperas dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro/2016, mais importante evento esportivo a ser realizado no País, a Atletas pelo Brasil completou nove anos no início de junho com uma série de conquistas e projetos em prol de um legado social para o esporte brasileiro. O aniversário da entidade vem marcado pela mudança de sua sede, que estará em casa nova já a partir desta semana.
Iniciativa inédita no mundo, a Atletas pelo Brasil conta com 60 atletas e ex-atletas somando forças na defesa de causas que tragam melhorias para o esporte e, por meio dele, promovam avanços sociais no País. Uma das principais conquistas da entidade foi a aprovação, em 2013 do artigo 18-A, que modifica a Lei Pelé, criando regras para dar mais transparência às entidades esportivas.
Outro marco da ONG foi o lançamento do I Relatório Cidades do Esporte, com um amplo diagnóstico da situação do esporte em dez cidades-sede da Copa do Mundo 2014. O objetivo da pesquisa é ajudar a apontar caminhos para a implementação ou reforço de políticas públicas que garantam o acesso da população à prática de atividades físicas, nos municípios analisados.
No ano que vem, a Atletas pelo Brasil ainda concederá o Prêmio Cidades do Esporte, como forma de estimular projetos e políticas em prol do esporte. O prêmio é uma categoria dentro do Prêmio Cidades Sustentáveis.
Uma das principais causas defendidas pela Atletas pelo Brasil, o Sistema Nacional do Esporte, pode se tornar realidade ainda este ano, com normas sobre financiamento e repartição de responsabilidades entre União, estados, municípios e o Distrito Federal, definindo uma política permanente para o setor.
Em mais uma iniciativa única no mundo, a entidade está articulando, em conjunto com o Instituto Ethos e o LIDE Esporte e apoio do Mattos Filho Advogados, um Pacto pelo Esporte reunindo empresas patrocinadoras. O grupo de trabalho responsável pela redação do pacto já conta com 26 empresas. Seu objetivo é trazer mais transparência na gestão do esporte, construindo um legado empresarial para o setor no Brasil.
“Definir o que fazemos é desafiador porque não é comum, no Brasil, a existência de empresas que trabalham com advocacy, a defesa de causas. Aqui, as pessoas estão acostumadas a ver ONGs e associações trabalharem diretamente com as pessoas. Nos Estados Unidos e na Europa, é mais comum o engajamento em causas. Elas têm um atuação macro, envolvendo-se em legislação, aprovação de leis, criação de campanhas. A campanha pelo fim do desmatamento é uma ação política e de advocacy, por exemplo”, explica Daniela Castro, diretora executiva da Atletas pelo Brasil. “Isso é o que a gente faz e já causava estranhamento desde o início da entidade, até porque não trabalhávamos com esporte.”
Defesa da bandeira brasileira no DNA da Atletas pelo Brasil
A ONG foi criada em 2006 como Atletas pela Cidadania, com 13 atletas e ex-atletas, entre eles Raí Oliveira, com foco na defesa de causas sociais no País. A proposta era abordar vários temas que fossem importantes para o Brasil.
“Foi um momento histórico, com certeza. A gente teve a percepção de chamar pessoas de vários setores diferentes, da área jurídica, contábil, social, para verificar se estávamos no caminho certo. Quando a gente comentava a ideia de criação da associação para estas pessoas, eles se entusiasmavam”, lembra Raí.
Inicialmente, os integrantes da associação escolheram trabalhar com educação e oportunidades para a juventude. Assim, a primeira causa defendida foi a criação da Lei do Aprendiz.
Em 2009, a entidade passou a se chamar Atletas pelo Brasil, mudança que marcou a sua entrada no tema do esporte. A partir das Olimpíadas de Londres, a Atletas elaborou uma proposta de legado para o Brasil, baseada em três pilares: dobrar a atividade física da população, ter esporte de qualidade em todas as escolas, e estabelecer um Sistema Nacional do Esporte. Com o lema “melhorar o esporte para melhorar o País”, sua atuação é ao mesmo tempo nacional, articulando-se politicamente, e regional, levando aos municípios práticas que possam melhorar o acesso ao esporte.
“A motivação é o próprio histórico de vida dos atletas. Antes de serem atletas, eles são cidadãos, que sempre defenderam a bandeira brasileira, e têm a consciência de que precisam trabalhar pelo País e ter uma atuação mais política, engajando-se em temas que mexem com todos nós. Eles têm isso no seu DNA, e continuam a defender a bandeira brasileira, levando para uma esfera pública, defesa de causas. É o potencial de mobilização deles faz com que a ONG ganhe força”, destaca Daniela Castro.