GENEBRA – Gilbert Felli, diretor-executivo do Comitê Olímpico Internacional (COI), criticou abertamente as autoridades brasileiras e as federações esportivas, ao dizer nesta terça-feira, num debate na Suíça, que insistiram numa idéia errada: construir um estádio no complexo olímpico em Deodoro – zona desfavorecida, onde não há nenhuma infraestrutura – sem ter feito um programa social.

 

Falando sobre a herança dos jogos olímpicos, ele disse:

 

– Um dos assuntos difíceis hoje (no Rio) é a zona de Deodoro. Foi uma vontade política colocar estádios numa zona pobre do Rio. Nós sempre dissemos: não coloquem lá só os estádios sem que coloquem um programa (social). Ora, estes programas não existem hoje porque as federações esportivas não fizeram o trabalho, não foi feita a parte social.

 

Felli contou à platéia que o COI chegou a sugerir que utilizarem áreas e monitores do Exército, para encorajar os jovens a praticar esporte, sem sucesso.

 

– Já no Canadá, há programas para ajudar a juventude no desenvolvimento do esporte que continuam em todo o país, graças a uma decisão do comitê de organização na época.

 

Ele disse que a herança de um jogo olímpico não se improvisa:

 

– Esta herança tem que ser planificada: tem que ter um conceito e um líder para desenvolver, e alguém que siga (o conceito) no comitê organizador e no governo que decide organizar um evento esportivo. Caso contrário, há risco de fracasso.

 

Felli disse que os fracassos citados hoje na história dos Jogos Olímpicos foram ‘fracassos programados’. Isto é: por falta de planejamento dos organizadores e autoridades.

 

– Num dado momento, e eu tenho certeza que a Fifa fez isso (sobre a Copa do Mundo), nós chamamos atenção para isso. Mas tivemos pouca reação!

 

Fonte: http://oglobo.globo.com/rio/rio-2016/diretor-do-coi-faz-duras-criticas-falta-de-programas-sociais-em-deodoro-12397205#ixzz30y0PzVF0