A conquista da MP 620 foi, sem dúvida, um marco do ano de 2013. A alteração da lei Pelé trouxe, após anos de espera, regras para as entidades que administram o esporte brasileiro. Limite de mandato, participação de atletas no sistema eleitoral, transparência de contas e documentos.
Mas o momento também trouxe uma importante surpresa: a união de diferentes atores pela melhoria do esporte nacional. Entidades como LIDE Esporte, LiveWright, SESC, Rede Esporte pela Mudança Social, Mattos Filho Advogados, PNUD, Unicef, Instituto Ayrton Senna e outros parceiros. Fato que deveria ficar na história da mobilização política no Brasil. União histórica. Vitória histórica.
Em 2011, a Atletas lançou sua proposta de legado e divulgou dados sobre a situação do esporte, propondo metas que tratam do acesso ao esporte pela população em geral – crença de que governos devem ter objetivos concretos e mensuráveis na área social. E em 2012, os prefeitos assinaram uma carta compromisso com o programa Cidades do Esporte e a melhoria dos indicadores de acesso ao esporte será monitorada anualmente.
A hora tornou-se propícia para mostrar o esporte como política pública que gera impacto para além do comumente conhecido. Impacta a saúde, a educação (até mesmo o aprendizado dos alunos, como já demonstrado em estudos nacionais e internacionais), gera valores positivos para o desenvolvimento das pessoas e também das cidades. Tudo pode ser medido em qualidade de vida e em valores gastos pela sociedade.
Unindo tudo isso está a paixão pelo esporte de alto rendimento. Expressão cultural que move os corações e une nações, também deve ter garantido um salto de qualidade e de respeito pelos atletas, torcedores e pelo recurso público ali investido.
Tudo isso permeia a atuação da Atletas pelo Brasil. O foco no advocacy ainda engatinha na atuação social brasileira. Comum em países europeus e nos EUA, a atuação política organizada por meio de grupos de interesse e organizações não governamentais ainda tem pouca adesão no Brasil, apesar de ter como principal objetivo impactar políticas, o que gera impacto mais abrangente que as ações, também fundamentais, de atendimento direto à população. Pouco reconhecimento, dificuldade de doações, mas possivelmente o futuro do investimento social no Brasil.
Essa visão de alguns atletas e amigos de constituir a organização de advocacy, em 2006, foi mais uma contribuição ao desenvolvimento democrático e sustentável do país. Afinal, é o que todos almejam para o futuro. E sabemos que compartilhamos com muitos essa visão.
Bom ano a todos!
Daniela Castro
Diretora Executiva Atletas pelo Brasil