Cerca de 30 professores se reuniram, nesta terça-feira (25), no Centro de Formação de Educadores Paulo Freire, na Madalena, para apresentar os resultados do projeto Portas abertas para a inclusão – Educação Física para todos, que começou em 2013 com o objetivo de incluir alunos com qualquer tipo de deficiência nas atividades esportivas do ano letivo. Foram contemplados estudantes dos anos finais do Ensino Fundamental de nove escolas da Rede Municipal de Ensino do Recife.

 

No ano passado, as equipes das escolas passaram por formações com equipes do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e do Instituto Rodrigo Mendes, parceiros na implantação do Portas Abertas para a Inclusão. De acordo com a coordenadora do projeto nas escolas do Recife, Alessandra Leite, as crianças podem agora vivenciar atividades adaptadas para que qualquer pessoa consiga participar. “É importante incluir a pessoa deficiente, não como especial, mas como parte do todo. A criança com deficiência agora pode vivenciar todas as atividades da escola, sem se sentir diferente. Ela está ao lado dos outros alunos fazendo aula de Educação Física”.

 

Um dos objetivos do projeto foi colaborar para a construção de um legado social da Copa do Mundo no Brasil, trazendo melhores condições de aprendizagem aos estudantes das 12 cidades-sede dos jogos. O trabalho é fruto de uma parceria do Instituto Rodrigo Mendes, do Unicef e da Fundação FC Barcelona. “Nós fizemos uma pesquisa e descobrimos que a Educação Física é uma ótima estratégia para a inclusão, e não somente as outras disciplinas, como se costuma pensar. Também percebemos que todo mundo se beneficia com as atividades, não só a criança com deficiência”, declarou Luiz Henrique de Paula, coordenador de formação do Instituto. Segundo ele, o Recife teve um avanço significativo nas nove escolas que fizeram parte do projeto. “Nós vimos experiências positivas, com avanços diferentes, mas muito importantes para esse processo”, finalizou. Os docentes expuseram os resultados das atividades para Luiz Henrique e Fátima Albuquerque, representante da Unicef.

 

O professor de Educação Física João Ferreira, da Associação Pestalozzi, anexa à Escola Municipal Darcy Ribeiro, no bairro do Cordeiro, fez o trabalho durante todo o ano com os alunos. “Todos da escola são contemplados. Antigamente a pessoa era automaticamente dispensada da aula de Educação Física por ser deficiente. Hoje isso está mudando”, declarou o educador. Um dos alunos de João Ferreira tem autismo e, antes das adaptações nas aulas de Educação Física, não conseguia fazer nenhuma atividade sem estar com o estagiário responsável ao lado. Aos poucos, ele foi participando das aulas e hoje faz as atividades com mais independência e um potencial de se socializar maior que antes. “O conteúdo da aula é o mesmo, mas as estratégias de repasse mudam porque elas devem estar acessíveis a todo mundo. É preciso que cada educador tenha essa consciência, em todas as disciplinas. Ainda há uma certa dificuldade para conseguir a inclusão, mas ela está avançando”, completou o professor que trabalha com mais de 100 alunos na associação.

 

Uma outra experiência positiva foi apresentada pela gestora da Escola Municipal do Engenho do Meio, Bianca Magliano. Aulas com cama elástica, corrida com obstáculos, bolas de sabão e vôlei adaptado fizeram parte do ano letivo de todos os alunos. A unidade de ensino tem mais de 800 estudantes, dos quais 83 têm algum tipo de deficiência. “Foi um trabalho fundamental para o desenvolvimento global dos alunos, não só cognitivo. Todo mundo da escola se envolve”, disse a diretora, que conseguiu reformar um espaço em desuso na instituição para dar lugar às atividades físicas.

 

De acordo com Bianca Magliano, as crianças com deficiência começaram a ter mais segurança para andar e falar, por exemplo, depois das aulas. “A rotina da escola mudou. Não fazemos uma aula especial para os alunos com deficiência. É todo mundo junto e isso é muito bom”, completou. A expectativa da Secretaria de Educação do Recife é de levar o projeto para mais dez escolas no próximo ano e ampliar, cada vez mais, a inclusão em todas as aulas.

 

Fonte: http://www2.recife.pe.gov.br/professores-apresentam-resultados-do-projeto-que-insere-alunos-com-deficiencia-nas-aulas-de-educacao-fisica/#sthash.gc0QkBWj.dpuf