Na semana passada, o Centro de Convenções Ulysses Guimarães foi sede do 68º Campeonato Mundial de Fisiculturismo. Em quase sete décadas, chegou pela primeira vez ao Brasil um dos maiores eventos do esporte que busca o corpo perfeito. 250 atletas de 60 países desfilaram para o silêncio de poucas pessoas. Com exceção de alguns técnicos mais exaltados, os únicos ruídos eram gritos de algum fisiculturista ao forçar o abdômen. Ingressos mais baratos a R$ 160 contribuíram para as arquibancadas vazias.
Dentro da sala principal do centro de eventos, tocava hip-hop em volume baixo. À espera da primeira categoria de atletas, de 60kg, técnicos, membros da organização e alguns familiares ocupavam sem alarde as primeiras fileiras. Alguns dormiam, outros mascavam chiclete com a mão apoiada no queixo.
No primeiro dia de competição (14.11), o júri fez a triagem dos candidatos para a grande final, que ocorreu no sábado (15.11), às 15h. Em cada categoria, cerca de 30 fisiculturistas competiram, mas apenas seis avançaram de fase. Quem tem o mesmo peso sobe junto no palco. Não há palmas ou demonstração de apoio da plateia. Apenas técnicos de alguns países, principalmente Grécia e Irã, gritaram para os atletas enrijecerem os músculos.
Ao pisarem no tablado, vestidos com sungas de variadas cores, os atletas começam com poses e olhares para o júri. Em grupos de cinco, são chamados à frente. Em inglês macarrônico, o narrador anuncia os movimentos a serem executados. Algumas vezes, nem os norte-americanos entendem, e um juiz faz a posição para os participantes imitarem. Cada pose destaca uma parte do corpo, como abdômen, bíceps ou perna.
Na hora de realizar o movimento, os competidores puxam o ar o máximo que conseguem, prendem a respiração e contraem cada pedaço de músculo. Impossível esconder a cara de sofrimento. “Dois meses antes do torneio, treino as poses por 40 minutos todos os dias”, contou o brasileiro Leandro Chen. Como estão há dois dias sem comer direito, não é raro alguém passar mal ou sentir câimbras e se esconder atrás da cortina.
O júri avalia proporção, volume e simetria do corpo. Perna mais fina com ombro muito largo desconta pontos. Os dois lados do corpo devem ser do mesmo tamanho. Em decisões acirradas, uma panturrilha diferente da outra define o campeão.
A cada pose, um incontável número de músculos aparece. As veias ameaçam rasgar a pele. Tamanha definição é possível graças ao nível de desidratação do corpo. “Há dois dias, eu não bebia nada”, disse um esbaforido sul-coreano, enquanto dava os primeiros goles de água logo após sair da competição. Quem não desidratar totalmente, corre risco de passar vergonha depois. Se o atleta suar muito, sinal de água no corpo, o óleo usado para bronzear a pele derrete. Mais pontos descontados no fim.
Segue a relação de vencedores por categoria:
Até 60 kg
1. Seunghoon Lee (Coréia)
2. Daniel Luna (Equador)
3. Dinesh Kamble (India)
Até 65 kg
1. Daniel Sticco (Itália)
2. Sameh Mohamed (Egito)
3. Subash Siriwardana (Srí Lanka)
Até 70 kg
1. Kyoungyun Nam (Coréia)
2. Mahdi Heydari (Írã)
3. Mohamed Embaby (Egito)
Até 75 kg
1. Ismail Masoud (Egito)
2. Ahmed El Hayty (Egito)
3. Sajad Niknampour (Irã)
Até 80 kg
1. Osama Salama (Egito)
2. Babak Akbarnia (Irã)
3. Mihoubi Zohir (Algéria)
Até 85 kg
1. Hadi Choopan (Irã)
2. Sherif Mourad (Egito)
3. Mohammed Djamed (Algéria)
Até 90 kg
1. Ahmed Wardany (Egito)
2. Ahmed Alharthy (Omán)
3. Szymon Łada (Polônia)
Até 95 kg
1. Mehdi Ayari (Irã)
2. Andrey Kukharchuk (Ucrânia)
3. Alex dos Anjos (Brasil)
Até 100 kg
1. Eslam Elmasry (Egito)
2. Cristovao Santiago Pinheiro (Brasil)
3. Oleksandr Slobodyanyuk (Ucrânia)
Acima de 100 kg
1. Attia Shaalan (Egito)
2. Isaac Ghavidel (Irã)
3. Mohamed Zakaria (Egito)
Overall
1. Attia Shaalan (Egito)
Fontes: http://www.mg.superesportes.com.br/app/noticias/mais-esportes/1,13,19,66/2014/11/14/noticia_maisesportes,58708/fome-sede-e-muito-esforco-para-exibir-os-musculos-vale-tudo-para-avancar-a-decisao.shtml
http://www.agendadoculturismo.com/2014/11/68-th-ifbb-mens-world-amateurs.html