A Atletas pelo Brasil e o Instituto Esporte & Educação, ambos presididos por Ana Moser, chamam a atenção do governo e da sociedade para a importância da construção de um legado após os grandes eventos esportivos. As instituições têm contribuído com os municípios para elaborar uma proposta de longo prazo que assegure o acesso ao esporte para todos.
A Atletas pelo Brasil trabalha nacionalmente para influenciar as políticas de esporte. Uma das vitórias foi, por exemplo, a aprovação da MP (Medida Provisória) 620. Porém, a menos de 90 dias da Copa do Mundo, falta muito para que os megaeventos esportivos se tornem uma oportunidade efetiva de desenvolvimento social e econômico para o País.
“O Brasil corre contra o tempo e contra nossas carências para cumprir os contratos firmados com FIFA e COI. O resultado dos investimentos só será observado com o tempo, se realmente o Brasil conseguirá avançar na classificação olímpica ou que utilidade estádios, ginásios e praças esportivas oferecerão para a população”, analisa Ana Moser, presidente da Atletas pelo Brasil e do IEE.
“O Cidades da Copa e o Cidades do Esporte, com o apoio do PNUD (Programa da Nações Unidas para o Desenvolvimento) e da REMS (Rede do Esporte pela Mudança Social), estão indo às cidades-sede, mobilizando a comunidade esportiva e os dirigentes públicos, apoiando a integração da pasta do esporte com outras, em torno de uma visão única e construindo planos de ação para garantir que o esporte aconteça para o maior número possível de pessoas”, acrescenta Ana.
“São projetos que têm objetivos semelhantes, mas com metodologias diferentes. O Cidades do Esporte é um programa de monitoramento no qual todos os anos poderemos avaliar a situação da política esportiva e a infraestrutura para o esporte em cada uma das 12 cidades. Já o Cidades da Copa é uma ação de mobilização das instituições e pessoas que fazem o esporte acontecer em cada cidade”, esclarece a presidente das duas instituições.
Cidades do Esporte – Os prefeitos das 12 cidades-sede da Copa (Belo Horizonte, Brasília, Cuiabá, Curitiba, Fortaleza, Manaus, Natal, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo) assinaram cartas, entre 2012 e 2013, comprometendo-se a contribuir com o Cidades do Esporte e a construir um legado esportivo. As 12 cidades preencheram uma matriz de indicadores e a compilação destes dados resultará em um relatório sobre a evolução das políticas e programas adotados.
“Com o questionário, poderemos saber qual é o marco zero na política esportiva de cada cidade e a partir daí dar suporte a políticas públicas eficientes. Passaremos a acompanhar e comparar os resultados. É um projeto de longo prazo”, prevê Silvia Gonçalves, assessora de políticas públicas do Cidades do Esporte.
Adriana Nascimento, também assessora do Cidades do Esporte, afirma que o projeto pretende criar a Rede de Prefeitos pelo Esporte. “Estamos tentando montar um grupo intersecretarial nas prefeituras para deixarmos a semente do nosso trabalho. Queremos mobilizar prefeituras e outras organizações para debater e avançar, em conjunto, para a aprovação de um Sistema Nacional de Esporte”.
“O Cidades pelo Esporte é o principal programa da Atletas pelo Brasil. É uma forma de atuar localmente, porque é nos municípios que o esporte acontece. Tem o objetivo de ajudar a construir uma política pública esportiva nas cidades e ainda mostrar a evolução ao longo dos anos”, afirma Daniela Castro, diretora-executiva da Atletas pelo Brasil.
O projeto conta com um comitê técnico e de governança formado por: REMS, PNUD, Instituto Ethos, SESC, Instituto Ayrton Senna, Instituto Esporte Educação, Unicef, Rede Cidades Sustentáveis e Nike.
Cidades da Copa – O Instituto Esporte & Educação, entidade parceira da Atletas pelo Brasil, também desenvolve um projeto que propõe o legado da Copa de 2014 por meio do fortalecimento das políticas públicas e da qualificação dos profissionais que atuam no esporte. O Cidades da Copa está, até o momento, atuando em onze capitais brasileiras: São Paulo, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Brasília, Curitiba, Belo Horizonte, Recife, Natal, Cuiabá, Salvador e Fortaleza.
A primeira fase do Cidades da Copa avalia a situação de cada capital em relação a temas como estrutura voltada à prática esportiva, incentivos governamentais, educação física nas escolas, formação de professores e atividades já desenvolvidas no setor. A partir desta avaliação, os profissionais envolvidos no trabalho elaboram um plano de ação, no intuito de colaborar com a administração pública para a garantia do direito universal ao esporte.
“O Cidades da Copa identifica programas e projetos nos municípios, diagnosticando potencialidades e desafios, e convida os governos e organizações da sociedade civil para contribuir na elaboração de um plano de ação e na construção uma rede para discussão e disseminação do esporte como direito”, esclarece Adriano Rossetto Junior, coordenador do IEE.
“Assim, esperamos contribuir para que o número de praticantes de exercícios nas cidades-sede duplique e para que o esporte nas escolas públicas esteja ao alcance de todas as crianças e adolescentes do país. Queremos atingir estes objetivos até 2016”, completa.
Segundo Adriano, pelas regiões por onde passou, o Cidades da Copa percebeu algumas situações: há necessidade de contratação de profissionais que atuam com esporte em regime de urgência e esses devem ter qualificação adequada; é necessária uma sistematização dos dados de atendimento e infraestrutura esportiva, assim como aumentar a verba destinada ao esporte.
Idealizado pelo Instituto Esporte & Educação, o Cidades da Copa conta com o apoio das Prefeituras, REMS, UNICEF e Atletas pelo Brasil. O projeto tem o patrocínio da BTG Pactual e do Instituto Votorantim, por meio da Lei de Incentivo ao Esporte do Ministério do Esporte.